Em janeiro de 1998, o Rio de Janeiro foi palco de um ambicioso projeto de entretenimento com a inauguração do Terra Encantada, um parque temático localizado na Barra da Tijuca. Com um investimento de US$ 200 milhões e uma área de 300 mil m², a proposta era trazer ao Brasil uma experiência que rivalizasse com a magia da Disney, mas com um toque de cultura nacional. O parque prometia 30 atrações, incluindo a maior montanha-russa da América Latina, um castelo semelhante ao do Magic Kingdom e um show de águas em um lago de 20 mil m². A proposta parecia grandiosa, mas a realidade foi bem diferente.
Desde a abertura, o Terra Encantada enfrentou dificuldades significativas. De acordo com relatos de ex-funcionários, o parque iniciou suas operações com muitas atrações fora de serviço, lojas fechadas e várias instalações ainda em construção. O preço do ingresso, mantido em R$ 30, era considerado alto para a época, já que o salário mínimo no Brasil era de apenas R$ 120. Os problemas não se limitavam à infraestrutura; o parque acumulou dívidas ao longo dos anos, e diversos acidentes contribuíram para manchar sua reputação.
O Projeto Que Não Saiu do Papel
Originalmente, o Terra Encantada prometia oferecer uma experiência única, com personagens inspirados na fauna brasileira, como o mico-leão-dourado e o boto cor-de-rosa, além de 142 salas comerciais que deveriam ser ocupadas por lojas e serviços. No entanto, muitos desses planos nunca se concretizaram. Segundo Américo Pinto, que foi gerente de operações do parque, a inauguração ocorreu de forma apressada e sem que tudo estivesse em pleno funcionamento. Isso gerou insatisfação entre os visitantes e frustrou as expectativas.
Decepções, Acidentes e a Queda
Além dos problemas financeiros, o Terra Encantada também enfrentou uma série de acidentes que abalaram a confiança do público. Com o passar dos anos, a falta de manutenção e os incidentes acabaram levando ao fechamento definitivo do parque. O terreno que abrigava o Terra Encantada foi vendido e, em 2020, a demolição teve início, colocando um fim a um dos projetos mais ambiciosos de entretenimento do Rio de Janeiro. O sonho de ter uma “Disney brasileira” se transformou em uma lição sobre os riscos de empreendimentos grandiosos sem o planejamento adequado.